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sexta-feira, 22 de junho de 2012

REABERTURA DE ESCRITÓRIOS DO INCRA NO INTERIOR É REIVINDICADA DURANTE AUDIÊNCIA NA ALEAM




A reabertura dos escritórios do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no interior do Estado, foi uma das reivindicações apresentadas na Audiência Pública, realizada na manhã desta sexta-feira (22), na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), que discutiu a situação dos servidores e o fechamento dos postos avançados no interior do Amazonas, de iniciativa dos deputado José Ricardo (PT), Luiz Castro (PPS) e Tony Medeiros (PSL).

Como explicou o deputado Tony Medeiros, o município de Parintins (a 369 quilômetros) tinha seu posto e hoje, para o produtor resolver algum problema tem que vir a Manaus. “É uma situação que incomoda bastante”, disse ele, ao afirmar que participou de uma discussão com servidores no órgão e observou essa preocupação com o quadro funcional.

Segundo o parlamentar, “tem funcionário que se aposentou e não houve substituição, gerando insatisfação. Por isso reconhecemos a dificuldade de prestar o serviço necessário e ideal ao público da reforma agrária com o atual número de servidores”, disse.

O deputado citou que de 1985 a 2011, o Incra reduziu seu quadro funcional de 9 mil para 5 mil servidores em todo o Brasil. No mesmo período, sua atuação cresceu de 61 para 2 mil municípios, passando de 9,8 milhões de hectares para 80 milhões de hectares a serem trabalhadas.

O deputado José Ricardo, por sua vez, assegurou que vai fazer os encaminhamentos ao governo federal em defesa do Incra e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) , dos servidores e de sua missão. Para ele, é importante o fortalecimento dos órgãos federais no interior do Estado. “Há necessidade da presença maior do poder público federal, com órgãos como Incra e Ibama e da valorização dos seus servidores”, argumentou.

A superintendente do Incra, Socorro Marques Feitoza, reconheceu o pouco investimento do governo federal na estrutura das atividades do órgão nos 47 municípios do Estado do Amazonas. Segundo ela foram fechados escritórios do órgão nos municípios de Benjamim Constant, Lábrea, Parintins, Borba e Tefé. A superintendente acredita que existe a possibilidade da reabertura das unidades do órgão, diante das necessidades de reforma agrária.

Responsável pela gestão das terras públicas e reordenamento fundiário no país, o Incra teve o orçamento estagnado e reduzido suas atividades com o fechamento dos escritórios nos municípios. Segundo Socorro Feitoza, há um descompasso na distribuição de recursos entre as regiões. Além do Sul do país, a superintendente citou como exemplo o Estado do Pará, que possui três superintendências e um número menor de unidades avançadas, mas recursos bem maiores. Atualmente o quadro de funcionários do Incra é de 201 funcionários. E o número de assentados passou 117 mil para quase 1 milhão.

Representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Francineide Lourenzo denunciou a regularização de terras de grandes grileiros no Sul do Amazonas, especialmente no sul de Lábrea. “Mais de 30 famílias foram expulsas por pistoleiros, de área de avanço de fronteira agrícola”.

Segundo ela, a situação com o fechamento do escritório está pior do que já era. Em relação ao Ibama, como frisou, é a mesma coisa. “Os governos dos últimos anos não têm interesse na reforma agrária, por isso relegaram os trabalhadores rurais”, disse.

Representante da Confederação Nacional dos Servidores do Incra, Regino da Silva Brito, também chamou a atenção para os assassinatos e a lista de agricultores marcados para morrer na luta pela questão fundiária. “Isso é o resultado da ausência da presença do Estado. E quando existe representação, ainda é retirada”, reclamou.

Discussão

Diretor executivo do Sindsep e representante da Confederação dos Servidores Públicos Federais, Walter Matos Moraes disse não entender o fechamento dos escritórios do Incra, em Lábrea, e a ausência do Ibama, principalmente em áreas de fronteira. Como enfatizou, os Estados da Amazônia Legal detém 65% dos assassinados do campo. Em Lábrea, segundo ele, foram registrados oito assassinatos em conflitos de terra nos últimos anos.

“É preciso que se faça um grande debate quantitativo e qualitativamente. Achamos que essa discussão tem que chegar ao Congresso Nacional. Precisamos de uma audiência com outros setores para debater a questão do Incra, do Ibama e dos outros órgãos federais. Na próxima semana vamos iniciar uma greve. Os órgãos federais estão sucateados”, afirmou.

Walter Matos defendeu a abertura de uma agenda para discutir com os servidores a situação dos órgãos federais. “Há uma carência grande de servidores. Hoje, no Estado, são 12 mil servidores, para tomar conta de 2 milhões de hectares de terra”, assegurou, também sugerindo uma audiência com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Careiro-Iranduba, Lúcia Nicácio disse que hoje 80% dos agricultores não têm documento de suas terras. Para ela, ao invés do Terra Legal, o governo tinha que fortalecer o Incra para agilizar esse processo de inclusão agrária.

Também integraram o grupo de discussão, o Superintendente Federal de Agricultura no Amazonas (Mapa) , João Ferdinando Barreto; o secretário geral do Sindicato dos Servidores Públicos, Fernando Sodré; o diretor de assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), Malvino Salvador; o gerente de engenharia e representante da Secretaria de Produção Rural (Sepror), Carlos Alberto Almeida da Conceição, entre outros.

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